Hoje temos
entrevista dupla.
Com duas meninas encantadoras . A Ana e a Inês.
Lembram-se das ilustrações das crianças dos nossos livros
infantis?
Meninas e meninos alegres
e bochechudos, as meninas de vestidos alegres e laçarote e os meninos de camisa, calções e sapatos de atacadores a correrem pelos
jardins e vales com um cesto do lanche ou um brinquedo debaixo do braço?
Observem bem estas
imagens.
Agora, deliciem-se com estas .
Numa altura em que a
roupa de criança é cada vez mais igual, ou é uma réplica da roupa da mãe e pai ou são modelos
exagerados com uma total profusão de golas, laços e
laçarotes que nem deixam os pequenos índios e cowboys respirar e brincar, é
impossível não gostar do magnífico
trabalho da Camila Camomila.
Peças clássicas e sóbrias dignas dos melhores livros infantis,
feitas à mão, com materiais nobres e duráveis, confortáveis e criadas num
ambiente mágico, rodeadas de vales e ribeiros ladeados pela Serra da Estrela.
Meninas e Meninos, Senhoras e Senhores, vejam em primeira
mão algumas imagens da Colecção Outono-Inverno da Camila Camomila.
E agora leiam a entrevista das talentosas irmãs Ana e Inês
Madeira, ou como nós gostamos de chamar, as “Wood Sisters”: a big sister Ana foi a primeira a nascer e
esperou quase 7 anos pela small sister Inês.
1. O que queria ser quando era criança?
(Ana) Eu queria ser bailarina, mas não tenho a
certeza.
(Inês) Achava graça à vida dos avós e por isso queria ser
reformada.
2. Melhores memórias de infância?
Temos muitas. A liberdade que tínhamos nas
brincadeiras, os mimos e as atenções, sempre fomos as únicas meninas da
família. E em Agosto havia um piquenique familiar no rio Zêzere. Mantas de
ourelos enormes, melancias fresquinhas e os minutos intermináveis até podermos
voltar aos mergulhos. Primos, tios, avós, muita cantiga à desgarrada, muitas
histórias e uma grande animação.
3. Livro infantil preferido?
Adorávamos os livros da Anita, que são um clássico. E
mais tarde começámos a gostar dos livros do Wally, que se tornaram um vício.
(Ana) Eu sempre gostei muito de ler porque a televisão lá em
casa só chegou quando a minha irmã nasceu.
4. Filme infantil preferido?
Nunca fomos muito ligadas à televisão.
(Inês) Ainda assim, a hora do Tom Sawyer era sagrada.
(Ana) Quando ia a casa dos avós gostava de ver a Ana dos
Cabelos Ruivos, a Heidi, o Tom Sawyer, a Abelha Maia, o Dartacão.
5. Música infantil preferida?
(Inês) Não faço ideia, só comecei a perceber o que era música
com o “Sumo de Limão” dos Onda Choc.
(Ana) Eu gostava das músicas da Maria Armanda e ouvia em
vinil. “Eu vi um sapo” era a minha preferida.
6. Brinquedo preferido em criança?
(Ana) Toda a gente achava que eu ir ser um rapaz por isso
nunca faltaram pistas de comboios, motas de policia e carrinhos. Mas tinha uma
grande devoção por um boneco género nenuco, mas era africano e tinha cabelo e
chamava-se Marcelino.
(Inês) Não me lembro de nenhum
brinquedo especial. Mas lembro-me de todas das minhas amigas terem uma barbie e
de eu também querer uma. Quando a minha tia me ofereceu a Barbie e o Ken e a
Cindy na neve, achei que brincar às barbies não era para mim.
7. Brincadeira preferida em criança?
Nós brincámos imenso na rua, com os miúdos que vivam
perto de nós. Especialmente ao pé dos nossos avós viviam três rapazes que
gostavam de cowboys e faziam pistolas com paus e brincávamos todos aos
faroeste. Também brincávamos com carrinhos, fazíamos autênticas auto-estradas
na terra. Mas a brincadeira preferida era sempre a última antes de inventarmos
outra melhor. Era uma alegria e os verões pareciam intermináveis. E hoje
continuamos todos a ser amigos.
8. Se pudesse voltar a ser criança o que faria?
(Ana) Tínhamos aproveitado melhor o tempo, sem dúvida. Sobretudo as histórias da bisavó que ainda conheci bem. Acho que tinha feito
uma árvore genealógica com a sua ajuda. Mas naquela altura o tempo parece que
não acaba nunca.
(Inês) Se possível, brincava mais ainda e fazia uma casa na
árvore com o Telmo, o meu grande amigo da infância.
9. Fontes de inspiração para o trabalho e para a vida?
Na vida temos as mesmas inspirações. A avo Jé, o avô
Aires e a tia Cá, pessoas que nos marcaram pela alegria, pelo carinho imenso
que nos deixaram, pelo que deram de si à vida. Os sonhos, o acreditar e as
gargalhadas em conjuntos inspiram-nos e são uma força. As Wood Sister´s estão
sempre a “gargalhar”! As memórias que temos das infância, as colchas de lã
feitas pela nossa avó Manuela, os vestidos mais giros de favos que as tias nos
ofereciam, as hortências da Mémé que eram óptimas para brincar às escondidas,
as histórias que ouvíamos sentadas nas mantas de ourelos nas sombras do verão.
A infância no campo é cheia de coisas pequeninas, de tradições e saberes, há um
sentido profundo do todo, do conjunto. Sempre tivemos uma forte ligação à
comunidade e isso desperta-nos e faz com que queiramos nunca perder estas
ligações. A vontade que estas memórias permaneçam são o motor fundamental para
o nosso trabalho.
10. Blogues que costumam seguir?