sexta-feira, 15 de março de 2013

Livros infantis vintage: Bécassine.


É o seu nome. Em homenagem a uma ave migratória - o bécasse,  comum na zona da  Bretanha, em França. 
Mas em francês as palavras bécasse e bécassine também significam na linguagem popular uma pessoa tontinha, desajeitada.

                 


Becassine apareceu pela primeira  vez a  2 de fevereiro de 1905 na revista francesa de inspiração católica destinada a meninas, “La Semaine de Suzette”.
Caso tenham familiares com exemplares de "La Semanainde de Suzette" guardem-nos a sete chaves porque hoje são uma relíquia e valem já um montante considerável.


                  

Dias antes da publicação, a chefe da redação, Jacqueline Rivière, apercebeu-se de que nada havia sido pensado para a quarta capa da revista! Improvisou então um sketch, uma pequena história em torno de uma jovem da Bretanha contratada como criada para a casa de uma chique senhora, a marquesa de Grand-Air
Feita a composição, a redactora entregou-a ao ilustrador da editora, Joseph-Porphyre Pinchon (1871-1953).

                    
 Foi a ocasião para manifestar-se o génio de Pinchon, ao criar a ingénua e simpática figura de Becassine: cara redonda como a lua, nariz minúsculo, boca invisível, e sempre vestida de acordo com a tradição da sua aldeia de origem: touca branca, vestido verde de tecido pesado com faixas pretas, avental branco com uma faixa encarnado, guarda-chuva encarnado e sapatos pesados de camponesa...
                             
               



A primeira figura de 1905 fez sucesso e as leitoras pediram mais histórias e em 1913 surge o primeiro álbum com uma história mais elaborada e enriquecida por novas personagens. 
Ao traço firme e expressivo de Pinchon juntou-se a riqueza do cenário e do texto de Caumery, anagrama de Maurice Languereau (1867-1941). A dupla Pinchon-Caumery dotou a heroína de uma personalidade mais atraente e complexa do que da a camponesa simplória de 1905. Com o primeiro álbum aparecem a sua família,  a sua aldeia, mais tarde a casa da marquesa com os seus criados, os seus amigos, as suas relações,as suas viagens e o mundo de Becassine vai crescendo....
      


Na Europa ocorriam grandes mudanças. Se em 1905 ainda existiam os grandes impérios: colonial britânico, astro-húngaro, alemão, russo,em 1913 já tinham lançado o automóvel e o avião. 
E Becassine familiariza-se com as recentes invenções: passa a andar de automóvel, viaja de comboio e de avião; esquia na Suíça; leva os pitorescos habitantes de sua aldeia natal a visitar a exposição universal em Paris, ou seja, uma verdadeira inspiração para o Tintin* que só surge em 1929!
*Para quem não viu, não percam esta festa do Tintim aqui.

         

          

Caumery e Pinchon criaram 1.200 personagens no total,  para compor 25 álbuns. A publicação só foi interrompida pela invasão das tropas alemãs na segunda guerra mundial.
E o que pensam de Becassine os franceses modernos?
Et bien.....ehhhhhh....bem, França ainda hoje é  um país profundamente dividido.
Muitos são aqueles que detestam Becassine e vêem nela uma idiota provinciana que só faz asneiras. Na Bretanha digamos que há uma considerável parte da população que não acha particular graça...
O certo é que ainda hoje faz imenso sucesso, as meninas adoram mascarar-se de Bécassine:
              
há coleccionadores fanáticos,










 e até um restaurante inspirada na personagem.



E, nós, verdadeiros Índios e Cowboys, apreciadores de banda-desenhada e brinquedos vintage, temos lá em casa uma pequena relíquia da nossa Bécassine.

Aceitam tomar um chá connosco? 

                             
                             
            
 
                               

Fotografias e Produção Índios e Cowboys
          

Um óptimo fim-de-semana!







3 comentários:

  1. c'est une honte pour les français de célébrer bécassine qui est le symbole du racisme anti-breton des français Le racisme est puni par la loi. Y'A BON BANANIA a disparu, il serait temps de supprimer toutes les bécassines. Les françois sont bons pour se moquer des autres (belges bretons, corses, arabes..) parce qu'is n'ont pas de miroir pour voir leur médiocrité. A bruler.

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