terça-feira, 19 de março de 2013

Como um pai conta a história de nascimento do filho...


Porque hoje é Dia do Pai.
Porque não queremos colocar imagens ou mensagens comerciais e ultra-exploradas alusivas à data.
Porque soubemos de um pai que teve de fazer um "trabalho de casa" para a escola do filho...
E porque esse pai não se importou de partilhar com os "Índios e Cowboys" a sua versão da história....
Garantimos que vale a pena ler.



"O dia começou cedo, naquele 13 de junho: pelas 04.00 da manhã a Teresa começou a sentir algo de diferente das outras noites e dias – como se batessem levemente à porta. Insistentemente, espaçadamente. Pelas 08.00, ante a persistência, decidimos sair e rumar às Descobertas, numa manhã tranquila de Santo António. Mudava o turno na CUF e as indicações que deram faziam crer que o tempo não urgia, que o Pedrinho iria chegar nesse dia mas não de manhã.

Que fazer, então, para simultaneamente o entreter e motivar e para que a ânsia se tornasse simplesmente emoção? O mar e o ar, a terra e o fogo, tudo junto como sempre na Vida. E por isso, vagueámos entre canteiros na Expo, visitámos o Oceanário, andámos de teleférico e apanhámos o sol quente de junho enquanto comíamos virados para o Tejo, forte e calmo, azul-sereno.

Pelas 14.00 horas, o Pedrinho já estava decidido e a Teresa agarrava-se às árvores sentindo as raízes de si, de ambos, enquanto subíamos para a Clínica.

O obstetra (Pedro, também ele) seria então chamado e viria ainda a caminho de longe, do sul, viajando talvez à rapidez da luz, enquanto os preparativos decorriam e um “pré-Pai” não sabia exactamente o que fazer, confirmando por isso a (sua) opinião de que de pouco servem os Pais no momento em que tudo se transforma: em que a natureza é Mãe, em que de dois se passa a três; em que do conhecido se parte para um novo mundo de descoberta constante.

Talvez por isso, a única palavra certa para definir esses momentos seja “amor”, com tudo o que a mesma contém de emoção, de ânsia, de curiosidade, de dádiva, de descoberta, de entrega, de admiração perante o que nos transcende. E foi assim que ele chegou (pelas 18.15) e o vi pela primeira vez: com uma touca azul-bebé, dormindo placidamente entre os lençóis brancos, magoado das tenazes que o ajudaram a nascer e nessa mistura de ternura e espanto que não se consegue explicar.

Isto, claro, antes de perceber que tinha vindo de Kripton, numa nave azul*, como o Super-homem."
                                  

* O Pedrinho nasceu com icterícia e teve de ir para a "máquina de banhos de sol"...

2 comentários:

  1. Um pai que conta com esta sensibilidade a chegada do filho , que imprime nesta prosa-poética todas as sensações vividas, só pode ser UM GRANDE PAI!

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